Vereadora de Goiânia propõe dia de combate à violência política contra mulheres
Data faz referência ao dia em que a vereadora carioca Marielle Franco foi morta e cria na Capital política permanente contra a violência política de gênero
Baseado em Lei nacional sancionada no ano passado e que criminaliza a violência política contra mulheres, foi aprovado em segunda e última votação, na Câmara Municipal de Goiânia, o projeto da vereadora Aava Santiago (PSDB) que institui o 14 de março como o Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política de Gênero. O nome do projeto faz referência à data em que a parlamentar da Câmara do Rio de Janeiro e o seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos a tiros na região central da cidade, em 2018.
Para a prevenção de casos trágicos como a história da vereadora Marielle Franco e enfatizando a importância do enfrentamento e luta contra a violência política na cidade de Goiânia, caberá ao Poder Executivo desenvolver, promover e incentivar a realização de ações, palestras e seminários em escolas da Rede Municipal de Ensino e em equipamentos públicos se a lei for sancionada.
“As mulheres são minoria nos partidos políticos, nas cadeiras dos parlamentos, recebem menos financiamento de campanha e quando, apesar de tudo isso, conseguem chegar a ocupar espaços de poder, são constantemente atacadas na vida e no exercício da atuação política. É para corrigir essa distorção na democracia que lutamos, a princípio. Mas o objetivo central é salvar a vida dessas mulheres que se propõem a encarar o universo político”, argumentou Aava.
Frente contra a violência política no Estado de Goiás
No último dia 14 de março, a vereadora Aava Santiago lançou, em Goiânia, a Frente Intermunicipal de Combate à Violência Política de Gênero. O evento contou com a participação de dezenas de parlamentares, vice-prefeita e representantes de diversos municípios goianos. A Frente também recebeu apoio da deputada federal pelo Rio de Janeiro Jandira Feghali (PSOL).
Marielle Franco
Marielle defendia e lutava pelos direitos humanos há pelo menos 20 anos e criticava a intervenção federal no Rio de Janeiro e o trabalho equivocado dos maus policiais, tendo denunciado vários casos de abuso de autoridade contra moradores de comunidades carentes. A parlamentar também prestava assistência a famílias de policiais vítimas de criminosos. Em 14 de março de 2018, foi assassinada a tiros junto de seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes, no Estácio, Região Central do Rio de Janeiro. Quatro anos após o crime, o caso ainda segue em investigação.
Estatísticas
A violência política no Brasil cresceu quase 50% no primeiro trimestre deste ano. Os dados são do Observatório da Violência Política e Eleitoral da UNIRIO.
Ainda de acordo com a pesquisa, o Brasil registrou 113 casos de violência contra lideranças políticas entre janeiro e março, um aumento de 48,7% em relação ao trimestre anterior. Outra pesquisa intitulada “A Violência Política contra Mulheres Negras”, realizada pelo Instituto Marielle Franco, aponta que quase 100% das candidatas ao pleito eleitoral de 2020 consultadas sofreram algum tipo de violência política; e que 60% (sessenta por cento) dessas mulheres foram insultadas, ofendidas e humilhadas em decorrência da sua atividade política nestas eleições.
A pesquisa apontou que a principal violência sofrida e apontada pelas mulheres negras foi a virtual, representando quase 80% (oitenta por cento) do total de ataques sofridos por essas mulheres.
Recentemente em Goiás, duas vereadoras sofreram violência política durante a atuação parlamentar. A vereadora por Goiânia Luciula do Recanto (PSD) foi ameaçada pelo deputado estadual Amauri Ribeiro (PATRIOTA), em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, quando afirmou que vereadora merecia “um tiro na cara”. Após a ameaça, Luciola relatou medo de morrer.
A vereadora por Aparecida de Goiânia, Camila Rosa, única mulher eleita a representar a população no município, teve o seu microfone cortado pelo presidente da Casa, André Fortaleza (MDB), durante fala sobre cota feminina na política, em Plenário. As parlamentares integram a Frente Intermunicipal de Combate à Violência Política de Gênero. (Assessoria da Vereadora Aava Santiago)