Governo acompanha buscas por indigenista e jornalista desaparecidos

Governo acompanha buscas por indigenista e jornalista desaparecidos
Reprodução Internet

Polícia Federal tem apoio da Marinha nas incursões em rio do Amazonas. Fenaj solicitou audiência urgente com o governo brasileiro para discutir o desaparecimento do jornalista e do indigenista. Os dois vinham recebendo ameaças de pescadores locais

 

O Ministério das Relações Exteriores informou hoje (7) que o governo está acompanhando as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia, desaparecidos desde o último domingo (5).

Bruno Araújo Pereira é servidor da Funai, especializado em trabalho com povos isolados. Entre 2018 e 2019, foi o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da fundação. O jornalista Dom Phillips é inglês, reside no Brasil há 15 anos e faz coberturas sobre meio ambiente para diversos veículos — atualmente, é colaborador do jornal britânico The Guardian.

Em nota, o Itamaraty diz que a Polícia Federal está atuando na região, “tomando todas as providências para localizá-los o mais rápido possível”. “A PF fez repetidas incursões e tem contado com o apoio da Marinha do Brasil, que se somou aos esforços nos trabalhos de buscas de ambos os cidadãos”, acrescentou.

“O governo brasileiro seguirá acompanhando as buscas com o zelo que o caso demanda e envidando os esforços necessários para encontrar prontamente o profissional da imprensa britânica e o servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai). Na hipótese de o desaparecimento ter sido causado por atividade criminosa, todas as providências serão tomadas para levar os perpetradores à Justiça”, acrescentou.

Também por meio de nota, a PF informou que vem realizando medidas investigativas e de inteligência policial visando ao esclarecimento dos fatos e a resolução do caso.

Acrescenta ter feito incursões na calha do Rio Itaquaí, mais precisamente no trecho compreendido entre a frente de proteção etnoambiental itui-itauqai e o município de Atalaia do Norte.

“Das diligências efetuadas foi possível identificar duas pessoas que tiveram contato com os desaparecidos, as quais foram encaminhadas à Polícia Civil de Atalaia do Norte para prestar esclarecimentos”, acrescentou a PF, ao informar que, até o momento, ninguém foi preso.

As buscas foram retomadas com o apoio da Marinha visando novas incursões no rio, com o apoio de um helicóptero.

Ontem (6), a Funai informou que está acompanhando o caso e que está em contato com as forças de segurança que atuam na região, de forma a colaborar com as buscas. Em nota a instituição comentou que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, pois se encontrava de licença para tratar de interesses particulares. O Senado, Câmara Federal e Procuradoria Geral da República acompanham o caso e cobram providências para que se encontrem os dois desaparecidos o quanto antes

Repercussão
O porta-voz do jornal The Guardian disse que está acompanhando a situação e em contato com as embaixadas brasileira e britânica. “O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e com as autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível.”

A Human Rights Watch divulgou nota em que se diz muito preocupada com o desaparecimento. “É extremamente importante que as autoridades brasileiras dediquem todos os recursos disponíveis e necessários para a realização imediata das buscas, a fim de garantir, o quanto antes, a segurança dos dois”, diz a nota assinada pela diretora do escritório da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu.

A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) pronunciou-se sobre o caso por meio de nota na tarde desta terça-feira, onde solicita audiência urgente com o governo brasileiro para discutir o desaparecimento do jornalista e do indigenista. Os dois vinham recebendo ameaças de pescadores locais, segundo denúncia da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Unijava), e participavam de um projeto de vigilância de aldeias contra exploradores e narcotraficantes em uma área cobiçada por mineradoras e petroleiras. Assinam a nota 11 organizações ligadas ao Jornalismo. (Com informações da Fenaj, Agência Brasil e Agência Senado)

 

Nota da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ):

A FENAJ e outras 10 organizações ligadas à defesa do Jornalismo e aos direitos e prerrogativas dos Jornalistas no país acabaram de encaminhar um pedido de audiência urgente com o governo brasileiro para discutir o desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, no Vale do Javari, no Amazonas.

O jornalista Dom Phillips é repórter investigativo e tem artigos publicados em jornais como The Guardian, Washington Post, New York Times e Intercept. Viajava com estrutura adequada e compatível com as necessidades, acompanhado de Bruno Araújo Pereira, indigenista que trabalha como coordenador regional da Funai em Atalaia do Norte e conhece a região.

Pereira, assim como a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), recebeu ameaças de pescadores locais e participava de um projeto de vigilância de aldeias contra exploradores e narcotraficantes, numa área cobiçada por mineradoras e petroleiras.

O documento é assinado por 11 organizações: Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (@abraji_), Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE), Associação de Jornalismo Digital (@ajor_digital), a qual o Portal Catarinas íntegra, Artigo 19 (@artigo19), Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Federação Nacional dos Jornalistas (@fenajoficial), Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Instituto Tornavoz, Instituto Vladimir Herzog (@vladimirherzog), Intervozes (@intervozes) e Repórteres sem Fronteiras (@rsfinternational).

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