Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata: data busca conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce
Urologista da Alego alerta que os homens devem se cuidar mais, fugir do preconceito e fazer os exames de rotina para prevenir o câncer de próstata
Dentro dessas comemorações, especialmente aquelas referentes ao Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, governos, instituições e a sociedade civil se organizam para chamar a atenção para esse movimento global de conscientização em prol da saúde masculina, por meio de eventos, ações e discussões propostas nesse período. Além disso, nas mais diversas cidades do mundo, os principais prédios e monumentos históricos recebem iluminação azul, cor símbolo dessa data.
Essa temática ganhou força, especialmente a partir de 2011, quando o País abraçou a campanha ‘Novembro Azul’ com o objetivo de alertar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, o mais frequente entre os homens brasileiros depois do câncer de pele. Para a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) essa mobilização da sociedade é extremamente importante, pois a mortalidade pela doença ainda é alta e ceifa a vida de muitos homens que desenvolvem neoplasias malignas.
Para se ter uma ideia, somente em 2021, o País registrou 44 mortes diárias em consequência do câncer de próstata e, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) são esperados mais de 65 mil novos casos da doença para esse ano de 2022. Para mudar esse cenário e incentivar o cuidado com a saúde de forma global, a SBU abraça todos os anos a campanha do Novembro Azul e, esse ano, traz a temática: ‘”Saúde também é papo de homem”.
Preconceito ainda é uma questão central para os diagnósticos
De acordo com o médico urologista da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Marco Túlio Alves Cruvinel, o ponto crucial que ainda precisa ser discutido é o distanciamento dos homens com relação aos cuidados e a prevenção das doenças, mas nesse caso em especial, a abordagem ganha contornos relacionados ao preconceito. Isso porque, o diagnóstico é feito com apenas dois exames simples que se somam e não são excludentes, sendo o exame de sangue conhecido como PSA e o exame do toque retal. Dessa forma, é possível compreender que a cultura machista acaba por colocar o homem numa situação, em que ele primeiro precisa vencer o preconceito, para somente depois tomar os cuidados necessários para a prevenção do câncer de próstata.
Importante lembrar que em sua fase inicial, o câncer de próstata tem evolução silenciosa e não apresenta sintomas alarmantes, sendo o diagnóstico precoce, a única forma de garantir a cura do câncer de próstata. Mesmo na ausência de sintomas, homens a partir dos 45 anos com fatores de risco, ou 50 anos sem estes fatores, devem ir ao médico para conversar sobre a prevenção, alerta o urologista.
Segundo Cruvinel, os homens que aguardam que o sintoma apareça para só depois procurar ajuda médica, descobrem a doença já numa fase muito mais avançada, onde o tratamento já é considerado agressivo. Em contrapartida, naqueles casos de câncer de próstata detectado precocemente, além da chance de cura chegar a 90%, o tratamento é considerado muito mais tranquilo.
Além disso, é extremamente importante para o homem desenvolver uma rotina de cuidados com a sua saúde, buscando consultar sempre o mesmo médico para que esse profissional acompanhe seu histórico ao longo dos anos, explica o urologista. “Também deve ser considerado pelos homens os fatores relacionados ao câncer de próstata, dentre eles: a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo, logo suspender o tabagismo e adotar uma alimentação saudável associada a atividades físicas diárias, ajudam no combate à doença”, conclui.
Quem também se pronunciou sobre o assunto foi o diretor de Saúde e Meio Ambiente do Trabalho da Alego, Marcos Antônio Nogueira, abordando o peso da cultura machista no universo masculino. Ele entende que é necessário acabar com o preconceito, pois ele cria uma grande barreira, desmotiva o autocuidado, mantém a crença de que o homem é sempre a pessoa mais forte da casa e não adoece nunca. Esse pensamento acaba por impedir o homem de cuidar da sua saúde global.
No sentido de quebrar paradigmas, o Novembro Azul tem a intenção de compartilhar informações sobre o câncer de próstata, promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. “O mais importante é levar os homens a fazer a prevenção, para que a doença não seja descoberta somente em estágios já muito avançados”, explica o diretor.
Pandemia provocou baixa procura nos serviços de saúde
A pandemia e o isolamento social acabaram por afastar ainda mais as pessoas dos serviços de saúde, trazendo um impacto significativo para a saúde masculina nesse período, sobretudo para o diagnóstico e tratamento do câncer de próstata, alerta a SBU. De acordo com dados divulgados por essa instituição, houve uma redução de mais de 20% nas cirurgias de câncer de próstata entre os anos de 2019 e 2020.
Além da redução nas cirurgias, a SBU revela que neste período, também houve diminuição na coleta para os exames do PSA (27%), do toque retal e da biópsia da próstata em cerca de 21%, respectivamente. Os dados indicam, ainda, que o número de consultas urológicas realizadas pelo SUS caiu 33,5% e se mantiveram em baixa até julho de 2021.
“Nesse período pós-pandêmico ainda estamos sentindo os efeitos do coronavírus com o número de casos de câncer de próstata ainda em alta, devido ao reflexo da baixa procura pelos serviços de saúde relacionados ao câncer de próstata nesse período. Vai levar um tempo para que essa demanda represada pela busca dos serviços médicos, especialmente os urológicos, seja atendida”, comenta o urologista da Alego.
Hábitos de vida podem promover a boa saúde
Procurando quebrar tabus e enfrentar o preconceito, outra atitude necessária que todos os homens podem adotar é o autocuidado. O “sexo forte” como é conhecido, pode encontrar coragem para romper ciclos de negligência, praticando o autocuidado e demonstrando responsabilidade consigo mesmo, desde questões mais básicas como o acompanhamento médico periódico, por exemplo.
Hoje, cada vez mais, pesquisas comprovam que a saúde, mais do que genética, é consequência das escolhas e hábitos de vida, associados ao acompanhamento preventivo. Dentre os critérios que podem estar associados a melhor qualidade de vida podemos citar: atividade física regular, peso corporal adequado, alimentação balanceada, eliminar bebida alcoólica, eliminar fumo, drogas e reduzir o estresse diário. Estudos comprovam que os homens mais cuidadosos têm maior expectativa de vida, especialmente por conseguirem detectar precocemente as doenças.
Tantos médicos quanto nutricionistas recomendam que sejam incorporados na dieta dos pacientes alguns alimentos que ajudam a proteger a próstata, tais como: alimentos ricos em ômega-3 contidos especialmente entre peixes como salmão, sardinha, atum e truta; tomates e outros frutos vermelhos ricos em licopeno; brócolis; chá verde; castanha-do-pará. (Agência Assembleia de Notícias)