Censura e Prazer Feminino
Ana Clara escreve semanalmente a coluna Aff Prazer
A funkeira Pocah (Viviane de Queiroz) teve o seu clipe “Muito Prazer” classificado, por uma famosa plataforma digital, como conteúdo adulto, fazendo com que os acessos, além de restritos, fossem reduzidos.
A cantora alegou que o clipe, foi o mais caro de sua carreira e se queixou nas redes sociais, onde apareceu chorando bastante. “Muito Prazer” é uma música cheia de interpretações. A música é sim sobre sexo oral, mas também uma apresentação da nova Pocah (agora loira) mostrando que boca é para cantar, beijar e falar. Sem qualquer tabu.
A grande questão é que existem muitas músicas pesadas e que falam sobre a sexualidade masculina. Cantores que não tiveram suas músicas e clipes barrados por plataformas digitais. Quando são mulheres, falando sobre seus prazeres sexuais, o assunto vira problemática social.
Outras cantoras, já sofreram com a mesma censura, como Luiza Sonza, com a música “Mulher do Ano”. A pergunta é até quando mulheres fortes e empoderadas serão caladas pelo machismo estrutural e pela sociedade patriarcal em que vivemos?
A sociedade se disfarça de mais liberal, mais igualitária, porém de camufla na hipocrisia de que é apenas uma “música para adultos”, problematizando uma questão que já passou de hora de ser natural e discutível.
Nas redes sociais, desabafoi dizendo que quer ser livre para cantar e falar o que quiser. “Nós, mulheres, não devemos permitir essa imposição de limite o tempo todo pra gente. Não aceito isso e agora sinto vontade de fazer o dobro do que tenho planejado para fazer, porque ninguém vai me parar”. É isso aí, Pocah!
Ana Clara – colunista do AFF Prazer