Audiência aprofunda discussão sobre políticas para saúde mental de crianças e adolescentes em Goiânia
Sabrina Garcez convidou grupo Vozes da Educação para estudar em conjunto políticas para Goiânia. Diretor pedagógico da Secretaria Municipal de Educação disse que vai levar apontamentos da audiência para discussão na pasta e nas escolas
Audiência Pública realizada na sexta-feira (1/7), na Câmara Municipal de Goiânia, tocou em um tema de difícil abordagem que, ao mesmo tempo, é um desafio para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes” a saúde mental de crianças e adolescentes.
A vereadora Sabrina Garcez abriu a cerimônia citando dados preocupantes que demonstram o alto índice de depressão e ansiedade em crianças e adolescentes.
Segundo ela, uma pesquisa realizada em São Paulo constatou que, mais de 60 por cento dos jovens sofrem desse tipo de aflição, ao mesmo tempo em que a OMS aponta o suicídio como a terceira maior causa de morte nessa faixa de idade. “Como o poder público pode compreender, prevenir quadros de depressão, ansiedade e automutilação, entre as crianças e adolescentes?”, questionou Sabrina.
A parlamentar vem fazendo esse importante alerta sobre a saúde mental de crianças e adolescentes no legislativo municipal desde abril deste ano quando apresentou projeto de lei que visa instituir a Política Municipal de Prevenção da Automutilação em Jovens de Goiânia. A parlamentar também convidou os vereadores da casa para uma Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental dos Adolescentes.
Durante a Audiência Pública, o secretário municipal de Saúde, Durval Pedroso, parabenizou a parlamentar pelo olhar dedicado e explicou que é necessário promover programas de bem-estar, o que a Prefeitura já vem realizando para assistência à população. Segundo ele, a saúde mental necessita de tratamento e de apoio diferente do habitual.
Já a secretária municipal de Direitos Humanos, Cida Garcez, alertou para a importância de mães e pais compreenderem o que se passa com os seus jovens, principalmente após a pandemia, quando eles ficaram isolados na internet.
O secretário executivo da pasta, Eduardo Oliveira, o lembrou que ainda é difícil falar de saúde mental como um todo. “Saúde mental e suicídio precisam deixar de ser um tabu. Precisam ser discutidos”, enfatizou.
A diretora do Vozes da Educação, Carolina Campos, observou que escolas, tanto da rede pública como privada, precisam voltar seus olhos para essa temática. Segundo ela, outros países já trabalham essa pauta há anos, além de terem desenvolvido políticas públicas de prevenção ao suicídio.
No Brasil, a pandemia foi responsável por tirar tudo isso debaixo do tapete. De acordo com Carolina Campos, a saúde mental carece de prevenção, acolhimento e cuidado. Segundo ela, adolescentes sentem medo e vergonha de conversar sobre isso com a família e amigos. “Medo de serem julgados. E os professores também estão adoecidos”.
Luxo
Para Carolina, atendimento à saude mental “precisa se tornar um serviço básico (direito fundamental e acessível). Precisa deixar de ser um luxo”.
A diretora do Vozes da Educação contou que, dentro da escola, há uma lei (Lei Vovó Rose) que fala sobre a obrigatoriedade da escola ter um time, responsável por mapear os recursos da saúde mental. Para identificar o que é uma situação de emergência, como aluno com armas, e uma situação não emergencial, como um aluno que está emagrecendo rapidamente ou se autolesionando, e saber para onde encaminhar. “É preciso implementar a Lei Vovó Rose, a qual está muito dificil executar porque o recurso do FUNDEB é insuficiente”.
Durante a Audiência, Sabrina Garcez convidou o Vozes da Educação para estudar em conjunto políticas para Goiânia.
A coordenadora do programa saúde nas Escolas, Marislei Brasileiro, relatou que quando há politica pública, a aprendizagem aumenta e que cada centavo gasto com prevenção, reflete em milhões que são economizados. Segundo ela, é preciso pensar formas de promover a saúde mental de jovens, da familia e dos professores. “Há grupos e pessoas que estão envolvidas e preocupadas com o tema, o que é evidenciado pelo aumento das diretrizes abordadas nas escolas no tocante a saúde mental e à violencia sexual contra crianças”.
O diretor pedagógico da Secretaria Municipal de Educação Azesio Barreto, por sua vez, analisou que a fala de Carolina Campos o fez refletir como a saúde mental é mal compreendida e destacou que os apontamentos da audiência serão levados para discussão na Secretaria e nas escolas. Destacou que os alunos estão com defasagem de aprendizado e que é preciso acolher.
Crise de sentido
O professor e psicanalista Adriano Alves, que trabalha diretamente com jovens que estão estudando para vestibulares e concursos, relatou que estamos vivendo uma crise de sentido, que exige muita atenção. Ele diz que tem atendido mais pais do que alunos e está iniciando um movimento “Escola Para Pais” .
“Estamos substituindo as relações de verdade, mais profundos, de irmandade, por curtidas em redes sociais. No fundo, os alunos têm uma enorme carência afetiva. Precisa pensar em uma educação que pensa no intangível, no imaterial”, comentou.
Participaram ainda da Audiência Pública representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, do Conselho Tutelar, Cultura Geek, Instituto Dom Fernando entre outra entidades.(Assessoria da Vereadora Sabrina Garcez)