Acabou a licença-maternidade, e agora?
Especialista dá dicas de como manter uma amamentação saudável, segura e contínua mesmo com a retomada das atividades profissionais
O leite materno é considerado imprescindível para a saúde do bebê com benefícios para a vida inteira; um superalimento que sustenta a vida e mantém o vínculo entre mãe e filho. Sob o tema “Possibilitando a amamentação: fazendo a diferença para mães e pais que trabalham”, a campanha Agosto Dourado deste ano reforça a importância do ato e destaca o desafio do aleitamento materno.
Além da dor da separação física, a volta ao trabalho é também uma preocupação para as mães que precisam retomar a vida profissional ao fim da licença-maternidade. Um turbilhão de sentimentos e emoções promovem insegurança, medo e dúvidas sobre como manter os vínculos afetivos e, principalmente, de amamentação materna. “Esse momento é, sem dúvida, o mais crítico após o parto. As mães questionam: ‘Como o bebê vai ficar sem mim? Vai sentir falta? Se sentirá abandonado? Como vou manter a amamentação?’ E é nesse momento que ela se descobre uma supermãe, capaz de conciliar o trabalho com a amamentação. Basta planejar”, explica a endocrinologista pediatra da Hapvida NotreDame Intermédica, Dra. Marília Barbosa.
A primeira dica é planejar-se com antecedência. “O planejamento permite antecipar e excluir problemas, especialmente na amamentação. Uma hipótese é adequar o horário de trabalho aos horários da mamada ou vice-e-versa. Calcular o tempo de deslocamento em trânsito é fundamental, bem como fazer coletas simultâneas de leite para armazenamento”, sugere a especialista.
O leite materno é considerado um superalimento, já que é rico em proteínas, possui propriedades antibacterianas e ajuda a estimular o sistema imunológico do bebê. Por isso, a necessidade de conciliar o trabalho com a amamentação. “Antes de voltar de fato ao trabalho, faça uma semana de teste reproduzindo sua rotina profissional e materna. Vá ao local de trabalho, cronometre o tempo no trânsito; isso faz toda diferença na hora de colocar o cronograma em prática”, comenta a médica.
Por último, Marília destaca: “Não faça da maternidade uma obrigação. Ela é uma escolha e precisa ser tratada como tal”, enfatiza a especialista ao sugerir que as mães de plantão se informem melhor sobre os direitos e garantias da pós licença-maternidade previstas em lei.
“Deixe seu filho com pessoas ou familiares de confiança, planeje o leite reserva e volte ao trabalho tranquila emocional e juridicamente, já que todas as mães têm direito de acompanhar os filhos em consultas médicas, a ampliação do período de licença-maternidade, da amamentação e aleitamento materno (duas pausas de meia hora) e auxílio-creche e pré-escolar. Depois de planejar e executar a dupla jornada, ansiedade só se for pra chegar em casa ao fim do dia e dar um cheiro no bebê”, completa a endocrinologista pediatra da Hapvida NotreDame Intermédica.
Benefícios do leite materno
Os benefícios da amamentação são muitos, tanto para a saúde da mulher quanto para a criança. O aleitamento logo após o parto ajuda a mãe a diminuir as contrações uterinas trazendo maior conforto, além de a primeira mamada aumentar o vínculo entre ela e o filho. “Até os 6 meses de vida, o bebê deve consumir somente o leite materno, sem precisar nem mesmo de água. Após este período, alimentos sólidos podem ser introduzidos aos poucos na alimentação diária da criança. Porém, o leite do peito ainda pode representar metade da ingestão calórica na dieta, até o segundo ano de vida”, completa Marília Barbosa.
A lactoferrina é uma das principais proteínas presentes no leite humano: ela transporta ferro pelo corpo e também tem efeitos antifúngicos. Já os ácidos graxos são antivirais e antibacterianos.
Também há vitaminas e sais minerais, açúcar e numerosos componentes bioativos, células, enzimas e hormônios para auxiliar no crescimento e no desenvolvimento do bebê. “O leite humano é incrível e continua a desempenhar um papel que vai muito além da nutrição simples. Estudos apontam que esta superalimentação na infância pode ter um impacto na inteligência e na qualidade de saúde física durante toda a vida”, finaliza.