HGG passa a realizar cirurgia de redesignação sexual
Seis mulheres trans estão prontas para serem submetidas a cirugia no HGG. Há outras nove pacientes que já atingiram o prazo de dois anos do início do acompanhamento e que em breve devem realizar o procedimento
Maria Luiza Alves Teles, cabeleireira de 23 anos, espera concretizar, nesta quarta-feira (29/09), algo que espera desde quando era criança: adequar o corpo à sua identidade de gênero. Ela será a primeira paciente a passar pela cirurgia de redesignação sexual realizada pelo Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), unidade de saúde do Governo de Goiás.
O local é a primeira unidade de saúde pública do Governo de Goiás a realizar tal procedimento no Estado. Até então, a cirurgia era feita apenas pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), que atualmente está com as cirurgias suspensas.
“Estou muito feliz e pensando positivo para que tudo dê certo”, disse Maria Luiza, enquanto arrumava a mala levou ao hospital para se internar. Ela faz parte de um grupo de seis mulheres transexuais pacientes do Serviço Especializado do Processo Transexualizador (Ambulatório TX) que estão prontas para realizarem a cirurgia no HGG.
O início desse atendimento na unidade foi prorrogado devido à necessidade de suspensão de procedimentos eletivos por causa da pandemia. Há outras nove pacientes que já atingiram o prazo de dois anos do início do acompanhamento, estabelecido por lei, para poder realizar a cirurgia, e também devem, em breve, realizar o procedimento.
A cirurgia de redesignação, em que são criadas a genitália externa e a vagina, é mais uma etapa do processo transexualizador realizado pelo Ambulatório TX, criado pelo HGG para atender a demanda da população transexual do Estado.,
Atendimentos
Desde sua criação, 515 pessoas passaram pelo serviço do Ambulatório TX – das quais 230 foram atendidas pelo ambulatório somente neste ano. O local realizou 5.277 atendimentos ambulatoriais e 27 cirurgias – 14 plásticas e 13 ginecológicas.
Entre os atendimentos ambulatoriais, o destaque é para psicologia, que fez 2.490 atendimentos. Até então, o hospital realizava somente os procedimentos de histerectomia vaginal, que é a retirada do útero, e a mastectomia, a retirada dos seios. As duas cirurgias realizadas até então eram direcionadas aos homens trans.
Para a responsável pelo Ambulatório TX, a ginecologista Margareth Rocha Giglio, o início das cirurgias redesignadoras essa é uma conquista para o hospital, para a população trans e para toda a sociedade. “É uma vitória para o HGG, que se firma cada vez mais como um hospital de atendimento terciário, especializado em cirurgias complexas”, frisou Margareth.
“As pacientes serão beneficiadas pois poderão operar depois de um longo período de espera”, ressaltou Margareth, ao destacar ainda que a cirurgia é feita em poucos lugares do País, e ser paciente do HGG é, hoje, a única forma de se fazer o procedimento no Estado. (Agência Cora Coralina de Notícias)